quinta-feira, 28 de maio de 2020

A mala das preocupações (história para refletir)


Olá a todos!

A pandemia que estamos a viver faz-nos estar preocupados, deixa-nos ansiosos, acabamos por estar sempre em estado de alerta, porque estamos numa situação de perigo. Mesmo com toda a proteção e cuidado que possamos ter, é natural que seja uma situação que nos cause  a todos, crianças ou adultos, confusão e medo. Esta situação acaba por ser muito cansativa!
Pandemia à parte, há situações na nossa vida que nos podem causar medo e ansiedade. É importante que, desde pequenos, arranjemos estratégias para lidar com estas sensações, sentimentos, pensamentos, de forma a que consigamos combater aquilo que nos assusta e aflige.
As nossas preocupações tornam-nos pesados e, muitas vezes, sem conseguir aproveitar os dias da melhor forma. Às vezes, muitas das nossas preocupações nem sequer nos pertencem, mas sim a outros que queremos ajudar. Depois, temos dificuldade em aproveitar os melhores momentos da vida, porque temos a mente ocupada com problemas.

Portanto, com isto em conta, trago-vos uma história chamada “A Mala das Preocupações” que fala exatamente sobre este peso que tendemos a carregar e como podemos ganhar contra as nossas preocupações e emoções negativas. É uma história para meninos e meninas de várias idades, mas também para adultos.

No meu canal de YouTube encontra-se o vídeo sobre esta atividade, espero que vão dar uma espreitadela. 😍

Como proceder:

Primeiramente, deve ser feita a leitura da história com atenção. 
Depois, proponho uma atividade para realizar após a leitura da história e, para isso, é preciso que leiam a história em conjunto, seguindo as instruções:

  1. Cada pessoa escreve as suas preocupações num papel, aquelas que colocarias em sacos iguais aos do João.
  2. Discussão e partilha em grupo das preocupações, do peso destas e a razão por as querer largar.
  3. Num recipiente com água, largar o papel com as preocupações para que se dissolvam na água.
  4. Relembrar que não podem recuperar as preocupações.
  5. Escrever e discutir dádivas/coisas boas do quotidiano e colocá-las num saquinho ou caixinha, para poder ir adicionando todos os dias e ir recordando em dias mais tristonhos.
Adicionalmente, seria interessante responder às questões que são propostas pelo autor da história, de forma a fomentar uma reflexão mais aprofundada do tema da história. Depois, a criança, o jovem ou adulto pode partilhar as suas respostas com pessoas da sua confiança (amigos, pais, cuidadores, avós, professores) e, talvez desta forma, ajudar a libertar o peso que tendemos a carregar e ficar com as “costas/mochila” mais leves. As perguntas são:
  • O que é que eu tenho de parecido com o João?
  • O que é que me preocupa mais?
  • O que impede que as crianças contem aos adultos as suas preocupações?
  • O que é uma preocupação sobre a qual eu não posso ou consigo falar?
  • Que conselhos tenho para o João?
  • Que coisas boas (duas) me aconteceram esta semana?
  • Quais são as preocupações (três) que eu tenho carregado por muito tempo?
  • Que preocupações eu quero largar?
  • Como me vou sentir quando finalmente largar as minhas preocupações?
  • Presto mais atenção às dádivas ou às preocupações? Como posso prestar mais atenção às coisas boas?
Sentem-se num sítio confortável e vamos à história.

A mala das preocupações

João era um jovem coelho que se movia de forma tão lenta como uma tartaruga. João não estava doente, não era velho, nem sofria de nenhuma limitação física, apenas se movia muito devagar. A sua testa estava carregada, os olhos estavam para baixo e até quando sorria, João parecia cansado e triste.
Num dia de sol, João e alguns amigos pulavam pelo campo. Os outros coelhos pulavam cheios de energia, mas o João parecia arrastar-se a um ritmo muito lento.
O grupo foi saltando e brincando e acabou por parar ao pé de um simpático coelho mais velho, muito amigo da família de João. O coelho mais velho olhava para os saltos e brincadeiras do grupo e coçou a cabeça com o seu grande pé.
“João”, disse ele, “tu não corres nem saltas como os teus amigos. Estás a mover-te de forma tão lenta como uma tartaruga na lama”.
O coelho mais velho reparou então que João trazia uma mochila enorme, pesada e completamente cheia. Puxou-a dos ombros do João e colocou-a no chão. Havia uma etiqueta com letras grandes vermelhas na parte de fora da mochila, que dizia “As preocupações do João”.  Preocupações são problemas que nos incomodam e nos deixam mais tristes.
O amigo do João perguntou, “porque estás a carregar esta mochila tão pesada? Podias saltar mais rápido se a tirasses das costas.”
João olhou-o fixamente, e respondeu com voz firme, “NÃO, eu NUNCA a tiro das costas.”
O seu amigo mais velho perguntou, “Não a tiras nem para comer?”
“Não”, respondeu João, “nem para comer.”
“E para dormir?”
“Não, nem para dormir”
“De certeza que a tiras para brincar.”
Nesta altura, João, que já estava a ficar impaciente, respondeu, “Eu JÁ disse que NUNCA a tiro. Nem sequer para brincar.”
O coelho mais velho ficou muito curioso. “O que é que tens lá dentro? São livros da escola? Ou são pedras? É que isto parece mesmo pesado.”
João não se importou de lhe dizer o que é que a mochila tinha “Isto é a minha mochila de preocupações. Elas são pesadas.”
O coelho mais velho continuava curioso e perguntou, “Posso olhar lá para dentro? Não consigo acreditar que um pequeno coelho como tu tenha assim tantas preocupações.”
João respondeu, “Podes ver se quiseres., mas tem cuidado.” Então o sábio coelho, abriu a mochila e espreitou lá para dentro. Havia muitos sacos diferentes de preocupações. Cada um tinha um rótulo escrito com uma cor diferente.
O primeiro saco, com um rótulo azul, dizia, Erros Estúpidos. (erros é quando fazemos algo que não devíamos ter feito, mesmo sem querer)
O segundo saco, com um rótulo verde, dizia, Rejeições. (Rejeições são quando alguém de quem gostamos deixa de gostar de nós).
O terceiro saco de “preocupações” dizia, Problemas Familiares.
O coelho mais velho espreitou o saco Problemas Familiares e reparou que muitos destes problemas tinham nomes de outras pessoas escritas neles. “Porque é que andas a carregar com os problemas de outras pessoas?”
“Gosto de ajudar os outros”, disse o João.
O quarto saco de preocupações cheirava mal e a palavra Imperfeições era a que aparecia no rótulo, a roxo. O coelho mais novo explicou, “Isto são coisas em mim que não são perfeitas, como as minhas verrugas, os meus pés grandes ou os meus dentes tortos”.
O sábio coelho disse, “Ninguém é perfeito. Se tu queres saltar como os outros coelhos, precisas de te ver livre destas preocupações. Não é suposto um coelho ser tão lento como uma tartaruga.”
João discutiu com ele, gritou e fez beicinho. Ele implorou, “Eu colecionei estas preocupações toda a minha vida. Posso apenas guardar algumas? Não sei o que fazer sem elas.”
“Não”, disse o coelho mais velho. “Está na altura de as deixares ir. Podes carregar algumas inquietações diárias, coisas que te incomodam, se quiseres, mas não preocupações”.
Finalmente, o João concordou que a mochila estava muito pesada e o impedia de aproveitar a vida. Ele sabia que tinha de aliviar aquele peso.
O seu amigo disse, “Vem comigo. Sei de um sítio para deixares as tuas preocupações. É um lugar especial, na floresta.”
“Indica-me o caminho.”, disse o João.
Juntos, saltaram por um caminho rochoso pela floresta.
“Chegámos”, disse o amigo do João, quando pararam junto a um lago bonito. “Isto é um lago sem fundo”.
João não acreditava no que ouvia, “SEM fundo?”
“É verdade”, disse, enquanto apontava para o lago. “Olha para aquele sinal ali.”.
João olhou e viu um grande sinal ao lado do lago que dizia, PROIBIDO PESCAR. O seu amigo disse “Se deixares cair alguma coisa aqui dentro, nunca mais a podes recuperar.”.
“Ah” disse João, “Eu já percebi o que queres que eu o faça. Tu queres que eu atire as minhas preocupações para dentro do lago…” Ele deu um pequeno passo atrás, sem ter a certeza de estar preparado para fazer o que precisava de fazer.
“Está tudo bem,” disse o amigo. “Já sabes o que precisas fazer”.
Depois de algum tempo, o João percebeu que estava pronto e acenou a cabeça mostrando que concordava.
João tirou a mochila e o amigo ajudou-o a retirar os sacos de preocupações de lá de dentro. Juntos abriram os sacos. “Ok, vamos fazer isto!” disse o seu amigo, enquanto entregava ao João uma preocupação. João puxou o braço atrás, o mais atrás que conseguiu, respirou fundo e atirou a “preocupação” com toda a sua força. A preocupação voou sobre a água e caiu com um grande Plop! João ficou a olhar enquanto a “preocupação” atingia a água e se afundava.
Largar aquela primeira preocupação deu coragem a João. Sentiu-se aliviado. Ele atirou as preocupações para o meio do lago, uma por uma e viu-as afundar.
À medida que estas caíam no lago, João observou os círculos que se formavam e logo desapareciam no cimo da água. À medida que ia observando estes círculos, o seu coração batia mais leve. Antes de dar por isso, João estava à beira do lago, com uma mochila vazia às costas.
João de repente teve um momento de dúvida, “Ai não, que fui eu fazer? O que vou fazer com uma mochila vazia?”
O amigo respondeu, “Atira a mochila também”. O João ficou com ar espantado.
De forma relutante, João atirou a mochila para o lago e ficou a vê-la afundar. De repente, começou a sentir-se esperançoso e deu um salto rápido para a frente.
João agradeceu ao seu amigo, por o ter ajudado e saltou em direção a casa, de cabeça bem levantada. Quando chegou a casa contou à sua mãe como lhe tinha corrido o dia, com grande entusiasmo.
“Estou muito orgulhosa de ti João” disse a mãe, “por teres tido a coragem de deitar fora a tua coleção de preocupações.”
João respondeu, “sabes mãe, estou um pouco preocupado que mais cedo ou mais tarde me sinta tentado a voltar a colecionar preocupações.” João sabia que colecionar aquelas preocupações tinha sido um mau hábito. Todos sabemos que é difícil de quebrar um velho hábito.
A sua mãe sugeriu, “O que tu precisas é de uma nova mochila!” Ela foi ao armário e voltou com uma mochila novinha em folha. Na parte da frente via-se um rótulo que dizia “Bênçãos”.
“O que são Dádivas?” perguntou João à mãe.
“Dádivas são coisas boas, como cenouras e alface e fazer novos amigos. Quando te aperceberes de uma dádiva durante o dia, coloca-a nesta mochila. No final do dia, podes contar as tuas dádivas”.
“Eu gosto dessa ideia,” disse o João. “Mas o que faço se tiver um mau dia e começar a colecionar preocupações outra vez?”
A sua mãe respondeu, “Se começares a colecionar preocupações outra vez, o lago é sempre um bom plano B. Apesar de tudo, tu és apenas um coelho, não és perfeito, ninguém é, todos cometemos erros”.
-- Fim da história --

A moral da história é que somos “apenas coelhos” ou “apenas humanos”, logo, podemos e devemos querer fazer alguma coisa para nos sentirmos melhor
Esta atividade serve como se fosse o nosso lago, onde podemos "deitar fora" as nossas preocupações, de forma a termos mais espaço na "mochila" para as coisas boas da nossa vida. Se tivermos a mochila cheia de preocupações, depois não há espaço para o resto!
Espero que tenham gostado da história. Abaixo encontram as fichas de utilização desta atividade. Não hesitem em deixar as vossas perguntas ou feedback nos comentários abaixo ou na caixinha aqui ao lado.

Até ao próximo post,
Bárbara 🎈


Ficha de utilização 1

Ficha de utilização 2

Ficha de utilização 3

Ficha de utilização 4

Ficha de utilização 5

Ficha de utilização 6

Ficha de utilização 7

Ficha de utilização 8

Ficha de utilização 9


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